Não só de São João e Bumba-Meu-Boi se alimenta o mês de junho. Junho é um mês de extremo significado para uma minoria que luta todos os dias para se auto afirmar e se orgulhar do que são sem se submeterem às humilhações cotidianas pautadas numa crença preconceituosa e não-inclusiva. Sim, esse é o mês do Orgulho LGBTQIA+. Todo dia é dia de lutar e defender a sua identidade, seja ela qual for, e o seu amor, seja ele como for. Essa é uma época em que o movimento LGBTQIA+ se une com mais força para reivindicar nas ruas os seus direitos e o combate a lgbtfobia que agride e mata tantas pessoas por um discurso de ódio sem fundamentos.
Mas por que o mês de junho? Uma invasão policial a um dos únicos estabelecimentos que recebia homossexuais na cidade de Nova Iorque, o Stonewall Inn., ocorreu em 28 de junho de 1969, e resultou em conturbadas manifestações. Essa data tem uma grande importância por lembrar todos os anos a primeira vez que a comunidade havia se unido para protestar e resistir às violências e intolerâncias sofridas por anos. Esse movimento deu voz para que as demais cidades estadunidenses e mundo afora se posicionassem na linha de frente em prol dos seus direitos como acontece até hoje.
No Brasil já havia uma inquietação e movimentação dos grupos desde 1995. Mas apenas em 1997 houve o primeiro encontro nacional de gays, lésbicas e travestis intitulado EBGLT. Após esse evento, houve uma organização maior para que também tivessem visibilidade junto às paradas que já aconteciam nos EUA e em outras localidades no dia 28 de junho. São Paulo foi a sede da primeira Parada LGBTQIA+ no Brasil e segue sendo até hoje tendo o recorde de maior aglomeração mundial do evento no Guinness Book.
Passeata LGBT, Nova Iorque, 1969. |
Em São Luís, o mês de junho foi bem representado durante os dias 11 e 12 de junho com o evento, promovido pelo Centro Cultural Vale Maranhão, “Quelly - Mostra Nacional de Cinema de Gênero”. O título, como é apresentado no site do CCVM, “é uma homenagem à transexual Quelly da Silva, morta em janeiro deste ano, vítima de transfobia.” A programação trouxe para o público geral, diversas produções nacionais com protagonismo LGBT. Bastava que os interessados fossem ao local onde seria sediado o evento para a retirada dos ingressos gratuitamente. Além da exposição cinematográfica, houve momentos de fala e apresentação da mostra. Acredito que eventos desse cunho têm uma carga de responsabilidade social gigante e representam a nossa resistência na forma artística e cultural. É uma experiência como nenhuma outra.
Para finalizar, é importante lembrarmos que lutar pelos nossos direitos e pela nossa existência não se limita apenas a um único mês por ano, a luta é diária. É necessário que nos enxerguemos todos os dias e tenhamos orgulho do que estamos vendo.
Se você é gay, lésbica, bi, trans, pan, assexual, não-binário, etc, não tem absolutamente nada de errado com você, nunca! Todos somos seres humanos de luz, de respeito, de luta e perseverança e nada nem ninguém deve nos fazer sentir menos do que somos de verdade ou merecemos ser. O mês do Orgulho LGBTQIA+ serve para nos lembrar que estamos aqui, não somos invisíveis.
E se for pra lutar, lutaremos sempre unidos igual a primeira marcha que se aglomerou lá em Stonewall em 1968.
Autor@: Pibidian@ Arisa Diniz Sakamoto
FONTES:
Como as revoltas de Stonewall, na NY de 1969, empoderou o ativismo LGBT para sempre - Hypeness.
A Primeira Parada LGBT do Brasil - Vice.
10 Fatos Sobre a Parada Gay que Você Precisa Saber - e-Dublin.
Quelly: Mostra Nacional de Cinema de Gênero Apresenta Filmes Inéditos no Maranhão - CCV/MA.